Guanxi como prática organizacional e estímulo à adaptação intercultural: experiências de grandes empresas exportadoras para a China
DOI:
https://doi.org/10.18568/internext.v18i3.739Palavras-chave:
Negócios Internacionais, Ensaio de Cultura, China, Adaptação Intercultural, Estratégias de InternacionalizaçãoResumo
Objetivo: Este estudo buscou compreender como as empresas brasileiras que exportam para a China desenvolvem o Guanxi como prática organizacional e como essas empresas podem utilizar o Guanxi como estímulo para a adaptação intercultural e diminuir a distância psíquica entre Brasil e China.
Método: Trata-se de um estudo de caso múltiplo por meio de entrevistas em profundidade e pesquisa de dados secundários de três grandes empresas exportadoras de carne para a China. Além disso, realizaram-se entrevistas com dez especialistas que possuem experiência no assunto. A análise dos dados foi feita por meio da análise de conteúdo, apoiada pelo software ATLAS.ti.
Principais Resultados: Os resultados mostram que: os fatores de distância psíquica entre Brasil e China são administração (e questões de legislação), desenvolvimento econômico e industrial e cultura; para lidar com esses fatores, as empresas mostram que conhecem e fazem uso extensivo do Guanxi; o Guanxi é efetivamente apresentado como prática organizacional e como estímulo à adaptação intercultural e à minimização das barreiras da distância psíquica.
Relevância / Originalidade: O estudo trouxe uma contribuição para a área de Negócios Internacionais ao destacar a incorporação do Guanxi como prática organizacional entre as empresas que operam na China e levantar questões sobre o valor cultural, o futuro do Guanxi e a existência de distância psíquica nas negociações. As descobertas têm implicações práticas, pois auxiliam os empresários brasileiros na definição de estratégias de exportação para a China.
Contribuições Teóricas / Metodológicas: O estudo apresenta uma contribuição essencial para a teoria visto que o Guanxi é uma prática já incorporada por empresas que lidam com a China. Surgem novas questões, como: até que ponto a China é hoje um país que ainda valoriza a cultura (e o Guanxi) e quanto é um país de negócios (focado em resultados, como os países europeus e americanos)? Como será Guanxi no futuro? Ele deixará de existir ou adotará outra abordagem? Ainda existe uma distância psíquica precisa entre os países nas negociações internacionais? Ou seriam diferenças culturais, mas que as empresas internacionalizadas buscam reduzir na hora dos negócios?
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